Matéria de Emilly Joazeiro, Gabriel Silva, Iury Medrado, Maria Fernanda Campodônio e Raquel Gomes
Corpus Christi, uma festa litúrgica da Igreja Católica Apostólica Romana, é uma celebração profundamente imbuída de simbolismo e devoção, marcada pelo uso de tapetes decorativos que embelezam as procissões e rituais. Esta, remonta ao século XIII, é um momento de profunda reflexão sobre a presença real de Cristo na Eucaristia, trazendo à tona questões sobre a transcendência, a materialidade e a expressão da fé.
Os tapetes, comumente feitos de serragem, areia, flores e outros materiais, são efêmeros por natureza. Sua beleza transitória nos convida a refletir sobre a impermanência da vida e a fugacidade das nossas criações humanas. A efemeridade desses tapetes contrasta com a eternidade que a Eucaristia representa para os fiéis, onde o pão e o vinho são metamorfoseados no corpo e sangue de Cristo. Essa transformação é um ponto central da filosofia cristã, levantando questões sobre a essência e a aparência, sobre o visível e o invisível. Também podem ser vistos como metáforas visuais da transitoriedade da vida humana e da busca por algo eterno. Eles são criados com grande dedicação e cuidado, apenas para serem desfeitos pela passagem da procissão, simbolizando a jornada espiritual que culmina na união com o divino. Este ritual de criação e destruição dos tapetes é uma expressão da crença na renovação e na ressurreição, temas centrais na mitologia cristã.
A participação comunitária na confecção dos tapetes reflete um aspecto importante: a dimensão coletiva da fé. A criação dos tapetes é um ato de devoção comunitária, onde cada indivíduo contribui com seu trabalho para algo maior que si mesmo. Este ato coletivo ressalta a interconexão entre os fiéis, mostrando como a religiosidade se manifesta não apenas na relação individual com o divino, mas também na comunhão com os outros.
A religiosidade em torno de Corpus Christi é, portanto, uma celebração tanto da presença divina quanto da comunidade humana. Ela nos lembra que a fé não é apenas um sentimento íntimo, mas também uma prática compartilhada que se expressa através de rituais e símbolos. Os tapetes, com sua complexa mistura de temporalidade e eternidade, materialidade e espiritualidade, nos convidam a contemplar o mistério da encarnação e a buscar o divino nas ações cotidianas.
Assim, Corpus Christi, com seus tapetes coloridos e elaborados, torna-se um momento de profunda reflexão. Nos desafia a considerar a natureza da fé, a importância da comunidade e a busca incessante pelo transcendente, temas que são centrais tanto para a filosofia quanto para a espiritualidade.